Liturgia
APRESENTAÇÃO
Estamos vivendo um tempo oportuno para rever nossa caminhada litúrgica no desejo de melhorar nossa maneira de participar no Mistério Pascal de Cristo, pois a Constituição Conciliar Sacrossanctum Concilium, que trata sobre a Liturgia, completará em 2013, os seus 50 anos.
Nesse documento conciliar, temos, entre outros elementos, a revalorização do Espírito Santo à luz do Mistério Pascal (cf. SC 5-8); a presença real de Cristo não somente nas espécies eucarísticas, mas também na assembleia, na Palavra e na pessoa do sacerdote que preside (cf. SC 7); a Liturgia como principal fonte de espiritualidade cristã (cf. SC 14); a preocupação com a qualidade da celebração da Liturgia: qualidade bíblico-teológica, ritual, espiritual, pascal - Formação litúrgica em todos os níveis (cf. SC 15-19).
Assim sendo, o objetivo principal de nosso trabalho aqui não é responder o que pode ou o que não pode ser feito na liturgia, mas sim apresentar, a partir da Introdução Geral do Missal Romano, orientações para que, em nossa Diocese de Cornélio Procópio, exista uma maior sintonia e unidade litúrgica entre as paróquias e, acima de tudo, ajudar para que a participação de todos na liturgia aconteça de forma mais ativa, consciente e plena (cf. SC 11).
Cornélio Procópio, março de 2011.
Padre Aparecido Donizeti de Souza
Assessor Diocesano de Liturgia
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UM BREVE OLHAR HISTÓRICO
A liturgia da Missa tem sua origem na última ceia do Senhor, memória de sua morte, que é consequência de sua vida a serviço do Reino, confirmada pelo Pai pela ressurreição. Na Igreja Primitiva, essa memória da Páscoa, que é a Missa, realizava-se na casa dos fiéis, de modo muito simples e fraterno, com a proclamação da Palavra e a partilha do pão. Assim, surgiram vários grupos cristãos, cada qual com seu rito de celebração litúrgica. No Século XVI a Igreja realizou o Concílio de Trento, o qual criou o primeiro Missal, uniformizando o rito litúrgico em latim. Com o passar dos anos, o latim, os gestos, as orações e os símbolos litúrgicos foram perdendo o sentido para a maioria dos católicos.
A resposta a esse distanciamento entre liturgia e assembleia só veio no Século XX, com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.
Toda mudança exige tempo para ser assimilada e, mesmo após tantos anos, muitos ainda não compreendem o valor da Missa e o seu papel de assembleia celebrante.
Como facilitador dessa compreensão surgiu a figura do comentarista que progressivamente deve ser substituída pelo animador. E, para motivar a participação nas partes cantadas, como alternativa aos tradicionais corais, surgiram os grupos de música.
O ANIMADOR E O GRUPO DE MÚSICA
O animador e o grupo de música devem estar em sintonia entre si e com Deus, pois ambos desempenham a mesma função de animar a assembleia, movidos pelo Espírito Santo.
Mas, antes de motivar a assembleia, é preciso estar intimamente motivado! Um animador e um grupo de música que não abrem seu coração a Deus dificilmente tocarão o coração das pessoas! Ambos devem ser conhecedores profundos da liturgia, entendendo o sentido de cada parte da Missa para bem celebrar e evitar alguns equívocos comuns nas monições e cantos.
O animador deve motivar a assembleia a viver cada parte da Missa com intensidade. Se é momento de louvor: Louve, cante, sorria, bata palmas! Se é momento de silenciar: Silencie, feche os olhos, recolha-se! Dê o exemplo! Também o grupo de música deve ter a mesma
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participação, além de selecionar e executar os cantos apropriados ao sentido de cada uma dessas partes.
Na figura do animador deve-se perceber discrição, porém entusiasmo, em intervenções precisas e extremamente expressivas.
No grupo de música, vozes e instrumentos devem evocar o mistério da Liturgia que convida à celebração, à conversão, ao louvor, à gratidão e ao compromisso. Assim, é necessário que os músicos e cantores expressem, em sua postura, em seu rosto, as palavras cantadas!
A assembleia deve ver nos que se colocam à sua frente, não por palavras apenas, mas pela participação na celebração, a alegria que só um cristão autêntico possui: palavras convencem, mas testemunhos arrastam! Para isso, é preciso que animador e grupo de música conheçam e vivam a Liturgia no seu dia a dia.
IMPORTÂNCIA DO CANTO LITÚRGICO
O Canto Litúrgico tem como principal objetivo dar maior ênfase, realçar a ação de Deus, em Cristo, pelo Espírito que atua em nossas vidas, impulsionando-nos à grande manifestação de ação de graças que é a Celebração Eucarística.
O Documento da CNBB que trata sobre a Pastoral da música litúrgica no Brasil nos diz o seguinte: “o canto, como „parte necessária e integrante da liturgia? (SC 112), por exigência de autenticidade, deve ser a expressão da fé e da vida cristã de cada assembleia. Em ordem de importância é, após a comunhão sacramental, o elemento que melhor colabora para a verdadeira participação pedida pelo Concílio” (Doc. 7 da CNBB, pág. 4).
Quanto à escolha dos cantos para a celebração eucarística, tenhamos presente o seguinte: “os textos destinados ao canto sacro hão de ser conformes à doutrina católica, sendo até tirados de preferência das Sagradas Escrituras e das fontes litúrgicas” (SC. 121; cf. CIC nº 1158).
Portanto isso significa que não podemos escolher o canto segundo o gosto pessoal ou do grupo, pois o mesmo deverá expressar o Mistério Pascal de Cristo que está sendo celebrado conforme o momento da celebração e também o tempo do ano litúrgico e suas festas.
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PARA BEM PREPARAR E CELEBRAR A EUCARISTIA
A liturgia é um mistério que muito mais do que simplesmente entendido deve ser vivenciado em plenitude: “é desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Batismo, um direito e um dever do povo cristão” (SC nº 14; cf. CIC nº 1141). Esse desejo, expresso na Sacrossantum Concilium e confimado no Catecismo da Igreja Católica, só poderá acontecer se nos colocarmos, com todo empenho, amor e disposição, a preparar da melhor forma possível nossas celebrações.
Lembremos enfim que “a Missa consta, por assim dizer, de duas partes: a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. Essas duas partes, porém, estão entre si tão estreitamente ligadas que constituem um único ato de culto. De fato, na Missa é posta a mesa, tanto da palavra de Deus como do Corpo de Cristo, mesa em que os fiéis recebem instrução e alimento. Há ainda determinados ritos, a abrir e a concluir a celebração” (IGMR, 28).
Busquemos agora entrar passo a passo na celebração eucarística:
RITOS INICIAIS
Esses têm como “finalidade estabelecer a comunhão entre os fiéis reunidos e dispô-los para ouvirem devidamente a palavra de Deus e celebrarem dignamente a Eucaristia” (IGMR, 46).
1. “Comentário” inicial
Aquele que exerce a função de animador deve saber acolher a todos e animar a assembleia em vista de uma participação ativa e frutuosa na celebração. O ideal é uma acolhida breve e uma frase sobre a essência da liturgia daquela celebração e um convite a celebrá-la. É preciso clareza e objetividade.
Conforme nos diz o novo Catecismo: “é toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua cabeça, que celebra” (CIC nº 1140). Assim sendo, não tem sentido dizer que vamos acolher a equipe de celebração e muito menos dizer sobre acolher o celebrante. Também não tem sentido convidar para ficar em pé ou cantar com alegria. Supõe-se que a comunidade tenha consciência disso.
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1.1 O Canto de Entrada (ou de Abertura)
Função:
? deve criar comunhão, ou seja, despertar os que estão reunidos para celebrarem em união com a comunidade e com o Cristo;
? a letra deve falar do motivo da celebração, ser um convite a celebrar, e, o quanto possível, ser uma fala direta com Deus.
Forma:
? canto alegre;
? de preferência com refrão, para facilitar a participação;
? deve ter uma duração razoável para acompanhar a procissão de entrada.
2. Ato penitencial
Não deve ser encarado como uma confissão comunitária com absolvição; mas, sim, como momento de reconhecer a misericórdia de Deus que é sempre maior que os nossos pecados. Na eucaristia, celebramos o perdão que nos foi dado pela morte de Jesus na cruz. Essa motivação deve ser feita preferencialmente por aquele que preside a celebração.
2.1 O Canto Penitencial
Função:
? canto dirigido ao Cristo Senhor;
? deve levar as pessoas ao encontro com o Pai das Misericórdias; que, pelo sangue de Cristo derramado na cruz, nos liberta de toda a culpa e restitui a paz;
? não deve enfatizar o pecado ou o pecador; e, sim, o Senhor misericordioso.
Forma:
? canto reflexivo e de súplica em 3 modos: 1º Confesso: a letra original deve ser respeitada; 2º Kyrie (Senhor, tende piedade): é composta por uma aclamação ao Cristo misericordioso, seguido do Senhor, tende piedade; 3º Aspersão: deve versar sobre as águas batismais renovadoras e ser cantado enquanto o presidente asperge a assembleia;
? pode ser também um salmo penitencial;
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? quando não houver a invocação “Senhor, tende piedade de nós... Cristo, tende piedade de nós... Senhor, tende piedade de nós”, no canto, ela deve ser rezada após a absolvição geral.
3. Hino de Louvor
Aqui toda a Igreja se une ao céu para cantar a glória de Deus. Por ele, “a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro” (IGMR 31).
Cantamos o Hino de Louvor, porque Ele é Deus, é o Rei dos Céus, é o Pai todo-poderoso, é o Criador, é o Cristo, é misericordioso, é o Cordeiro Santo, é o Senhor, é o Espírito Santo... porque Deus é Deus. Sendo assim, não tem sentido nenhum ficar colocando outros motivos para esse hino.
Essa motivação deve ser feita preferencialmente por aquele que preside a celebração.
3.1 Glória
Função:
? hino muito antigo, iniciado com o louvor dos anjos na noite de Natal;
? desenvolveu-se antigamente no Oriente, através da superposição de várias fórmulas diferentes;
? é um hino cristológico e não um louvor à Santíssima Trindade;
? nele, o Espírito Santo move a assembleia a louvar o Pai e o Filho.
Forma:
? hino festivo e solene (não utilizado no Advento e na Quaresma);
? preferencialmente deve ser cantado;
? a letra deve ser o mais fiel possível ao texto original ou ser o texto oficial da CNBB;
? devem ser evitados hinos do Glória abreviados; ele não pode ser substituído por outro hino de louvor.
Obs: Os ritos iniciais atingem o ponto alto na oração que liturgicamente chamamos Coleta que é dirigida ao Senhor Deus, por meio de Jesus Cristo na Unidade do Espírito Santo. Ela é precedida por um momento de silêncio.
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LITURGIA DA PALAVRA
Lembramos que as normas litúrgicas não preveem a procissão da Bíblia antes do início da Liturgia da Palavra e sim a entrada do Evangeliário na procissão de entrada.
4. Leituras
A Palavra de Deus é viva! Ela fala por si mesma! É momento de pedir a atenção da assembleia, de convidá-la a sentar-se para que Deus possa falar. A explicação do sentido das leituras cabe ao padre na hora da homilia.
Aqui o ideal é não fazer nenhum tipo de comentário. No entanto, pode-se cantar algum refrão curto que convide a assembleia a ouvir a Palavra de Deus antes de se iniciarem as leituras.
5. Salmo de Resposta (ou Responsorial)
Função:
? resposta meditativa e orante da Palavra proclamada;
? reaviva o diálogo com Deus e a comunidade.
Forma:
? é sempre o texto bíblico referente à Primeira Leitura;
? não pode ser substituído por outro canto ou mesmo outro salmo;
? deve ser feito da Mesa da Palavra por um solista (salmista) entoando as estrofes, e a comunidade responde com o refrão.
6. Aclamação ao Evangelho
O Cristo transfigurado em Palavra fala à Igreja! Isso é motivo de júbilo e alegria. É esse entusiasmo em ouvir a Palavra do Salvador que deve motivar a Assembleia a aclamar: Aleluia! Que significa: Deus seja louvado!
É incorreto dizer: Aclamemos a Palavra do Senhor, pois chamamos de Palavra do Senhor, na Missa, toda a liturgia da palavra. O mais adequado é dizer: Aclamemos o Evangelho ou a Palavra de Jesus.
6.1 Aleluia
Função:
? a palavra hallelu-yah (“Louvai ao Senhor”) tem origem na liturgia judaica e ocupa lugar de destaque na liturgia cristã;
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? é a expressão de acolhimento solene de Cristo, que vem a nós por sua Palavra Viva, o Evangelho;
? o canto acompanha a procissão do Evangeliário do altar à mesa da Palavra.
Forma:
? canto alegre e festivo;
? não basta conter aleluia e falar sobre a Palavra; pois deve conter a palavra aleluia e um verso sobre o Evangelho do dia, necessariamente;
? não é utilizado na Quaresma, sendo substituído por um canto que possua uma aclamação DIRETA ao Cristo seguido de verso sobre o Evangelho do dia;
? é uma breve aclamação e, sendo assim, sua duração deve ser curta.
LITURGIA EUCARÍSTICA
7. Apresentação das ofertas
Esse é um momento de ação de graças, de louvor pelo pão e pelo vinho, dons de Deus e frutos do trabalho humano, que se tornarão Corpo e Sangue do Senhor. Somente o pão e o vinho devem ser depositados sobre o altar; as ofertas da coleta devem ser colocadas em outro local no presbitério ou na sacristia. Tudo mais que se apresentar nesse momento (imagens, flores, livros, etc) é desnecessário. Não é proibido, mas não tem um sentido litúrgico e, se precisarem ser explicados pelo animador, possuem menos sentido ainda. Os comentários extensos e inúmeros símbolos a serem ofertados são dispensáveis!
7.1 Canto de Apresentação das Ofertas (ou das Ofertas)
Função:
? acompanha o gesto de pôr em comum os bens, juntamente com o pão e o vinho que serão consagrados e também partilhados;
? não é um canto essencial na celebração, podendo ser omitido.
Forma:
? canto reflexivo ou meditativo;
? não precisa necessariamente falar de ofertas ou de pão e vinho;
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? pode ser um canto de louvor pela bondade de Deus, pelos dons que recebemos ou com algum conteúdo propício ao tempo litúrgico;
? a forma mais apropriada seria executar o canto enquanto é feita a procissão das oferendas e participar com o presidente da Oração respondendo (ou cantando): Bendito seja Deus para sempre!
? quando não houver procissão, que se cante até o presidente terminar a purificação das mãos.
8. Oração Eucarística
8.1 Santo
Função:
? canta o louvor de Deus Pai utilizando as palavras que o profeta Isaías ouviu os serafins cantarem no templo, na sua visão (Is 6,3) e aclama o Cristo, assim como as multidões em Jerusalém (Mt 21,9);
? é a aclamação pela qual a assembleia, unindo-se aos espíritos celestes, canta ao Santo dos santos.
Forma:
? canto vibrante e solene;
? deve ser fiel à aclamação original, sem introduzir grandes alterações e ser cantado sempre;
? a participação da comunidade é essencial;
? é PROIBIDO ser substituído por letras que se distanciem de seu conteúdo original.
8.2. Aclamação Memorial (Anamnese)
Função:
? respondendo à frase “Eis o mistério da fé”, a assembleia se levanta e aclama a paixão, a gloriosa ressurreição e a ascensão do Senhor aos céus.
Forma:
? solene;
? é uma aclamação e deve ser fiel às letras originais, previstas em cada Oração Eucarística.
8.3 Grande Amém (na Doxologia Final)
Função:
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? enfatizar de forma solene que toda a assembleia confirma as verdades de fé proclamadas na Oração Eucarística.
Forma:
? canto alegre e festivo;
? através da repetição do Amém, toda a Assembleia deve se envolver de forma entusiasmada nessa aclamação.
9. Rito da Comunhão
ATENÇÃO: Não existe canto da paz na liturgia, pois ela é OFERECIDA e não cantada!
9.1 Cordeiro de Deus
Função:
? acompanha o partir do pão, antes de sua distribuição.
Forma:
? canto meditativo e de súplica;
? deve conter a invocação tradicional (Cordeiro de Deus que tirais o pecado...), sem modificações;
? no caso do partir do pão se estender, repete-se a primeira parte continuamente (Cordeiro de Deus... tende piedade de nós!), cantando a segunda parte (Cordeiro de Deus... dai-nos a paz!) somente para encerrar o canto.
9.2 Canto de Comunhão
Função:
? reforçar o sentido da unidade do Corpo de Cristo (Igreja) e do mistério que está sendo celebrado;
? deve animar a assembleia a assumir um compromisso com Cristo e com a comunidade proclamado no Evangelho do dia.
Forma:
? canto alegre e vibrante ou processional e reflexivo;
? cantos de adoração não devem ser utilizados como canto de comunhão;
? sua letra deve versar sobre as palavras proclamadas no Evangelho do dia e ter ligação com o tempo litúrgico;
? este canto deve revelar os mistérios da fé, encarnados na realidade social que precisa ser transformada;
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? a forma de estrofe e refrão é a mais indicada para favorecer a participação;
? tem início com a comunhão do presidente e continua enquanto a comunhão acontece, sendo necessário mais de um canto de comunhão no caso de celebrações maiores, para que não se torne maçante.
10. Ação de Graças
O momento que se segue à comunhão tradicionalmente é chamado de ação de graças, embora toda a celebração seja uma ação de graças. Aqui se faz o Silêncio Sagrado para que a assembleia possa ter sua intimidade com Deus para agradecer, adorar, pedir, refletir a liturgia...
O principal erro é ficar falando o tempo todo que é um momento de silêncio e não deixar espaço para esse silêncio.
10.1 Canto de Ação de Graças após a Comunhão
Função:
? momento de reflexão e meditação;
? quando houver canto, que seja breve e enfatize a liturgia do dia.
Forma:
? canto meditativo ou reflexivo;
? deve necessariamente levar a assembleia a uma reflexão da essência da celebração do dia (tudo o que foi enfatizado pela Liturgia da Palavra).
11. Canto de Despedida
Função:
? a denominação Canto Final não tem sentido, uma vez que a liturgia nunca acaba;
? no entanto, quando ocorrer, deve servir como envio para que todos vivam, em seu dia a dia, tudo o que foi celebrado na Santa Missa.
Forma:
? canto alegre e de despedida;
? pode fazer referência ao tempo litúrgico ou ser direcionado ao padroeiro ou mesmo à Mãe de Deus;
? deve ser cantado após a Bênção Final e não deve servir para manter a assembleia na Igreja, pois ela já foi dispensada pelo presidente pela oração do “Ide em paz”.
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ALGUMAS ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
? Todos os cantos possuem uma função e uma forma, por isso devem ser escolhidos com base na celebração em que serão utilizados.
? Nunca se escolham cantos simplesmente porque são bonitos, animados ou porque se gosta. Tudo numa celebração deve levar em conta o sentido da celebração do dia e a participação da assembleia.
? O “jornalzinho” (folheto dominical) nem sempre respeita os critérios litúrgicos, cabendo à equipe de liturgia fazer as devidas correções.
? Além dos momentos já citados acima, também o Sinal da Cruz, as leituras, o Creio, a Oração dos Fiéis, a Bênção Final... podem ser cantados (sempre se levando em conta a conveniência dentro da liturgia da celebração).
? Tudo o que for previsto para uma celebração deve ser levado ao conhecimento do presidente para que esteja em sintonia com a equipe e a assembleia.
? O coro ou grupo de canto tem papel importante na realização dos cantos e, por isso, deve estar bem preparado, no entanto a participação mais importante é a da assembleia, pois é ela o celebrante.
? Quando se fala em participação, deixamos de lado o silêncio sagrado, essencial na liturgia; o mundo moderno não nos favorece a meditação e o recolhimento, por isso, é importante que na celebração haja um momento específico, no qual as pessoas possam ter esse contato mais profundo com Deus através do silêncio.
? O bom senso e o estudo dos documentos da Igreja são a melhor forma de realizarmos uma liturgia viva, participativa e realmente celebrativa.
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ROTEIRO PARA AS CELEBRAÇÕES EUCARÍSTICAS
Antes do início da Missa, é preciso providenciar num aparador (pequena mesa) na entrada da igreja, para a Procissão de Entrada: cruz processional, velas e Evangeliário (quando houver); para a Procissão das Oferendas: galhetas com água e vinho e a patena com o pão.
No ambão, o Lecionário.
O ensaio com a assembleia deve terminar no máximo até 3 minutos antes do início da Missa, para que nesse breve momento se guarde o Silêncio Sagrado.
É importante que os responsáveis pela acolhida nas portas permaneçam até terminar a acolhida do presidente, a fim de que, mesmo os atrasados, recebam calorosa acolhida.
RITOS INICIAIS
1. Canto de entrada
2. Procissão inicial
2.1 Ordem
? Cruz ladeada por velas (trazidas por ministros extraordinários ou outros fiéis devidamente preparados);
? símbolos litúrgicos AUTÊNTICOS e VERDADEIROS (imagens, flores, pessoas em ocasiões específicas...);
? coroinhas;
? ministros extraordinários da sagrada comunhão;
? leitores;
? Evangeliário FECHADO (conduzido pelo leitor);
? Presidente da Celebração.
2.2 Gestos e posicionamento
? Os que levam a cruz e as velas param fora do presbitério, diante do altar, inclinam a cabeça em reverência, sobem e depositam a cruz e as velas nos suportes adequados no presbitério.
? Os que trazem os demais símbolos litúrgicos param fora do presbitério, diante do altar, inclinam a cabeça em reverência e seguem ao lugar apropriado FORA do presbitério para depositar os símbolos.
? Os coroinhas e os ministros extraordinários da sagrada comunhão param fora do presbitério, diante do altar, inclinam a cabeça em reverência, (ou, se houver sacrário ao fundo do presbitério, fazem
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genuflexão em adoração ao Santíssimo), sobem e se posicionam junto aos assentos laterais.
? Os leitores param fora do presbitério, diante do altar, inclinam a cabeça em reverência, (ou, se houver sacrário ao fundo do presbitério, fazem genuflexão em adoração ao Santíssimo) e se assentam no primeiro banco da assembleia, em frente ao ambão.
? O leitor que conduz o Evangeliário para fora do presbitério, diante do altar, inclina a cabeça em reverência, sobe e deposita-o sobre o altar e se posiciona nos assentos ao lado do ambão.
? O presidente da celebração para fora do presbitério, diante do altar, inclina a cabeça em reverência, (ou, se houver sacrário ao fundo do presbitério, faz genuflexão em adoração ao Santíssimo), sobe, beija o altar e se posiciona junto à cadeira do presidente.
3. Acolhida e introdução à liturgia do dia (pelo presidente)
4. Ato penitencial (pelo presidente)
5. Hino de louvor (letra original ou da CNBB – exceto no Advento e na Quaresma e nas Missas feriais)
6. Oração coleta
O presidente realiza somente a Oração Coleta, sem citar intenções ou outras orações.
LITURGIA DA PALAVRA.
Obs.: Nesse momento os olhos de todos deverão se voltar totalmente para o Ambão (Mesa da Palavra) na certeza de que Deus irá falar por meio leitor(a). Por isso, nessa hora, deve se evitar qualquer coisa que possa tirar a atenção da assembleia (ex: folhetos, bíblia, data show, etc.). Isso supõe leitores bem preparados (tecnicamente e espiritualmente) para que a Palavra seja proclamada de forma clara e envolvente.
1. Silenciamento ou BREVE canto em preparação para OUVIR a Palavra.
2. 1ª Leitura (já estando no presbitério, o leitor proclama a Palavra e, depois, toma seu lugar na assembleia).
3. Salmo (do ambão)
4. 2ª Leitura (imediatamente após a proclamação da leitura, o leitor ou o coroinha retira o lecionário e o deposita na credência). Lembrando que tanto a primeira leitura como a segunda se conclui com “Palavra do Senhor” e não “palavras do Senhor”.
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5. Importante que os leitores, ao passarem frente ao Altar, façam a devida reverência ao mesmo. Ao retirar-se do ambão, o leitor se encontra com o salmista frente ao altar, onde juntos fazem a reverência. O salmista por sua vez fará o mesmo ao concluir sua função, ou seja, encontrando-se com o segundo leitor, frente ao altar, fazem juntos a reverência.
6. Aclamação ao Evangelho
Durante o canto (aleluia + estrofe do Evangelho do dia – EXCETO NA QUARESMA, quando se canta somente uma aclamação ao Cristo + estrofe do Evangelho do dia, SEM ALELUIA), os ministros extraordinários apanham as velas acesas e se posicionam ao lado do altar, o presidente toma o Evangeliário e juntos se encaminham para o ambão. Os ministros permanecerão voltados para o Evangeliário até o final da proclamação do Evangelho.
7. Evangelho (após a proclamação, os ministros depositam as velas no suporte original e sentam-se.)
8. Homilia - sempre proferida pelo presidente da celebração.
9. Profissão de Fé - é uma resposta à Palavra de Deus ouvida nas leituras e homilia e recorda a fé necessária para celebrar a eucaristia.
10. Oração dos Fiéis (do ambão)
11. ATENÇÃO: Na liturgia, o único livro digno de ser levado em procissão é o Evangeliário (porque representa o Cristo), na procissão de entrada (quando é depositado sobre o altar) e durante a aclamação ao Evangelho (seguindo do altar para a mesa da Palavra), ou seja, NÃO EXISTE PROCISSÃO DA BÍBLIA NA LITURGIA.
LITURGIA EUCARÍSTICA
1. Preparação do Altar para a Apresentação das Oferendas
Ao iniciar o canto das ofertas, os ministros extraordinários da comunhão colocam sobre o altar: o corporal estendido, o purificatório, o cálice, a pala, o Missal e o cibório com as hóstias para os fiéis, pois o certo é que estes comunguem das hóstias consagradas na própria Missa.
2. Procissão das Oferendas
À frente vão as ofertas materiais, seguidas do pão e o vinho. A procissão dos dons segue, sem paradas ou reverências, até o presidente e lhes são entregues na seguinte ordem: ofertas materiais (levadas por um
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ministro à sacristia), o vinho e a água (entregue ao ministro, que se posicionará com os mesmos ao lado do altar) e o pão. Segue-se a oração sobre o pão e o vinho e o canto do Bendito seja Deus para sempre.
3. Prefácio
Antes de iniciar o prefácio, aquele que preside pode elevar a Deus, de forma breve, os motivos de ação de graças da comunidade (aniversários, datas especiais, festa do padroeiro...)
4. Oração Eucarística
Fundamental criar a consciência em todos que nesse momento os olhos se voltam para o Altar onde acontece o sacrifício eucarístico. Deve se evitar qualquer coisa que possa tirar a atenção da assembleia que deverá estar totalmente voltada para o ALTAR (ex: fohetos, uso de data show, etc)
Durante a consagração, não são permitidos solo de qualquer instrumento e outros cantos, a não ser as aclamações indicadas pela oração eucarística.
É importante ressaltar que, antes que o presidente diga “Eis o mistério da fé”, TODOS se levantem para aclamar: “Anunciamos Senhor a vossa morte...”
Também vale corrigir os equívocos quanto à Doxologia Final (Por Cristo, com Cristo, em Cristo...), que é uma oração PRESIDENCIAL, e deve ser acompanhada pela assembleia em silêncio e sem gestos (mãos estendidas). À assembleia cabe encerrar jubilosamente a Oração Eucarística cantando o “Amém”.
5. Rito da Comunhão
É importante lembrar que a oração do Pai Nosso, dentro da celebração eucarística, não se conclui com “amém”, pois a oração que se segue é uma continuidade da mesma.
Quanto à oração pela Paz (Senhor Jesus Cristo, que dissestes...), segundo orientações da Igreja, cabe somente ao que preside a celebração. Nessa hora a comunidade acompanha em silêncio.
Não há canto de Saudação da Paz. É aconselhável que se cante sempre o Cordeiro (letra original); não entoando o canto, a ASSEMBLEIA inicia a oração.
Comunhão - A comunhão nas espécies de pão e vinho só se estende aos ministros extraordinários caso toda a assembleia também a receba. O ideal é que todos comunguem das duas espécies, pois “a comunhão
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sob as duas espécies é dom de Deus, direito dos cristãos e desejo de Cristo. Por isso, valem todos os esforços nessa direção, garantindo para todos os comungantes o santo alimento oferecido na mesma celebração, deixando a reserva eucarística para a finalidade a que se destina, a comunhão aos enfermos e ao culto eucarístico” (Estudos CNBB, nº 89, pg. 106).
Assim sendo, que os ministros extraordinários da comunhão busquem no sacrário somente se faltar na hora da distribuição.
O canto - os cantores e instrumentistas comunguem primeiro para depois iniciar o canto. Portanto, que um dos ministros tenha essa preocupação de levar a comunhão ao grupo de música antes que iniciem o canto da comunhão.
Após a comunhão, pode haver um breve canto meditativo que NECESSARIAMENTE ressalte a liturgia celebrada ou se guarde o Silêncio Sagrado.
Após a comunhão, o presidente consome o vinho consagrado e os ministros extraordinários depositam os vasos sagrados junto à credência para a purificação após a Missa.
OS GESTOS E ATITUDES CORPORAIS
(Texto extraído integralmente da Introdução Geral do Missal Romano)
Nº 42 - Os gestos e atitudes corporais, tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do povo, visam conseguir que toda a celebração brilhe pela beleza e nobre simplicidade, que se compreenda a significação verdadeira e plena das suas diversas partes e que se facilite a participação de todos. Para isso deve atender-se ao que está definido pelas leis litúrgicas e pela tradição do Rito Romano, e ao que concorre para o bem comum espiritual do povo de Deus, mais do que à inclinação e arbítrio de cada um.
A atitude comum do corpo, que todos os participantes na celebração devem observar, é sinal de unidade dos membros da comunidade cristã reunidos para a sagrada Liturgia: exprime e favorece os sentimentos e a atitude interior dos presentes.
Nº 43 - Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração coleta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho;
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durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o invitatório “Orai, irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.
Estão sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois da Comunhão.
Estão de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote genuflecte após a consagração.
Compete, todavia, às Conferências Episcopais, segundo as normas do direito, adaptar à mentalidade e tradições razoáveis dos povos os gestos e atitudes indicados no Ordinário da Missa. Atenda-se, porém, a que estejam de acordo com o sentido e o caráter de cada uma das partes da celebração. Onde for costume que o povo permaneça de joelhos desde o fim da aclamação do Sanctus até ao fim da Oração eucarística, é bom que este se mantenha.
Para se conseguir a uniformidade nos gestos e atitudes do corpo na celebração, os fiéis devem obedecer às indicações que, no decurso da mesma, lhes forem dadas pelo diácono, por um ministro leigo ou pelo sacerdote, de acordo com o que está estabelecido nos livros litúrgicos.
Nº 44 - Entre os gestos contam-se também: as ações e as procissões do sacerdote ao dirigir-se para o altar com o diácono e os ministros; do diácono, antes da proclamação do Evangelho, ao levar o Evangeliário ou Livro dos evangelhos para o ambão; dos fiéis ao levarem os dons e ao aproximarem-se para a Comunhão. Convém que essas ações e procissões se realizem com decoro, enquanto se executam os cânticos respectivos, segundo as normas estabelecidas para cada caso.
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O SILÊNCIO
(Texto extraído integralmente da Introdução Geral do Missal Romano)
Nº 45 - Também se deve guardar, nos momentos próprios, o silêncio sagrado, como parte da celebração. A natureza deste silêncio depende do momento em que ele é observado no decurso da celebração. Assim, no ato penitencial e a seguir ao convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; a seguir às leituras ou à homilia, é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; depois da Comunhão, favorece a oração interior de louvor e ação de graças.
Antes da própria celebração é louvável observar o silêncio na igreja, na sacristia e nos lugares que lhes ficam mais próximos, para que todos se preparem para celebrar devota e dignamente os ritos sagrados.
OBS: Este material foi elaborado a partir da compilação da Instrução Geral do Missal Romano, do Estudo 79 da CNBB - A música litúrgica no Brasil e de materiais formativos de liturgia da Paróquia Cristo Rei.
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