“Às sombras dos eucaliptos choramos as saudades dos tempos de fartura” (Sl 136)
Neste mês de agosto, nossa Diocese sediará um grande evento. Trata-se da 28ª Romaria da Terra do Paraná. Vai acontecer no dia 17, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Congonhinhas. Vamos receber irmãos e irmãs das outras dezessete Dioceses do Paraná e também de outros Estados do Brasil. Como Diocese anfitriã, precisamos acolhê-los com muita fé, entusiasmo e calor humano. A 16ª Romaria da Terra do Paraná também aconteceu em nossa Diocese. Foi uma Romaria muito bonita. Desta vez, não pode ser diferente. Vamos, em grande número, louvar e bendizer ao Senhor por todo bem que ele nos tem proporcionado. Vamos pedir perdão de nossos pecados. Vamos acolher a misericórdia de Deus e abrir nossos corações para abraçar nossos irmãos e irmãs, com todo o amor que eles e elas merecem. Terra e Romaria são termos bíblica e teologicamente relacionados. Para o povo judeu, a terra e tudo o que nela existe pertence a Deus (cf. Lv 25,23; Sl 24,1). Foi ele quem a fez (Sl 121,2). Os justos e humildes a herdarão (Sl 37,11; Mt 5,5).Por isso, o povo hebreu era muito agradecido ao Senhor por morar em uma terra de fartura. Todos os anos, o judeu piedoso, por ocasião da colheita, dirigia-se em romaria a um santuário. Uma vez no santuário, recordava que seu pai tinha sido um arameu errante, mas que o Senhor, seu Deus lhe tinha dado uma terra onde corria leite e mel. Por isso, ali estava para agradecer e oferecer os frutos da terra que o Senhor lhe havia dado. Reconheço hoje diante do Senhor meu Deus que entrei na terra que o Senhor jurou a nossos pais que nos daria.[...]. E depois de depositar os frutos diante do Senhor, teu Deus, te prostrarás diante dele. Então te alegrarás com o levita e o estrangeiro que mora em teu meio por todos os bens que o Senhor teu Deus te deu a ti e à tua família ( Dt 26, 3.10-11). Aqui no Brasil, desde os primórdios da colonização os santuários foram locais de romaria. Até hoje, as pessoas em grande número acorrem a eles para alimentar sua fé. Ali, elas sentem de forma muito viva a presença de Deus que protege a vida dos pobres. Os agentes da Comissão de Pastoral da Terra (CPT), percebendo que a maioria dos que procuravam os santuários tinham origem rural, assumiram as romarias como linha de ação e valorização da luta do povo. Segundo o testemunho de Luciano Bernardes, da coordenação da CPT da Bahia, em 1976, lavradores de diversos municípios organizaram uma romaria para pedir ao Bom Jesus “coragem para enfrentar a ameaça de suas casas serem queimadas e força para fundar o primeiro Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Bahia”. No Paraná as Romarias da Terra iniciaram em 1985. Em todas as edições houve grande afluência de romeiros. Numa delas participaram cerca de 40 mil. Motivados pelo lema: “Às sombras dos eucaliptos choramos as saudades dos tempos de fartura” (Sl 136), vamos manter esta bela tradição.
Dom Manoel João Francisco Bispo da Diocese de Cornélio Procópio