No Domingo de Cristo Rei, a Igreja no Brasil abriu a Campanha anual para a Evangelização, por iniciativa da CNBB. Esta Campanha tem o objetivo de promover uma consciência sempre mais clara e profunda sobre a responsabilidade que todos os batizados têm na obra evangelizadora da Igreja.A Boa Nova da salvação veio ao mundo, por iniciativa amorosa de Deus Pai e do Espírito Santo, pelo envio a nós da Palavra eterna, o Filho Amado. A chegada do Messias foi anunciada pelos Profetas como um evento esperançoso e de grande alegria para toda a humanidade, como recordamos no Advento; quando Jesus nasceu, o anjo anunciou aos pastores de Belém que esta era uma “boa notícia para todo o povo”. Jesus anunciou a chegada do Reino de Deus como o maior bem para o homem, em função do qual vale a pena investir e arriscar tudo na vida. Enviando seus discípulos ao mundo, Ele os encarregou da proclamação desta Boa Nova a todos os povos.Assim, a Igreja fez ao longo dos séculos e vai continuar a fazer também no presente e no futuro. Todos os batizados são beneficiados por este “belo anúncio”; a Igreja vive da fé que brota da evangelização e caminha na esperança da plena realização das promessas de Deus. Ao mesmo tempo, esta não é uma obra para poucos: todos os batizados são, por graça de Deus, discípulos e missionários de Jesus Cristo. Nem todos o fazem do mesmo modo, mas todos precisam sentir-se envolvidos com isso.A Campanha para a evangelização toma contornos bem concretos: os ministros ordenados, bispos, padres e diáconos, servem ao povo os bens de Deus em nome de Cristo; os religiosos e consagrados nos muitos carismas que brotam da Palavra de Deus, testemunham com a própria vida, de muitas maneiras, as páginas do Evangelho e se empenham nos muitos serviços à Igreja e à humanidade; os leigos, vivendo e testemunhando sua fé, ajudam a transformar a cultura e as estruturas do convívio humano, para que o bem do Evangelho possa ser acolhido por todos e trazer frutos bons; os missionários dirigem-se aos povos e, entre alegrias e sacrifícios, anunciam também a eles que o Reino de Deus chegou e é um bem para eles.A Igreja conta com a participação de todos para comunicar o bem que ela recebeu de Jesus, através dos apóstolos, de geração em geração. Também hoje isso não deve ser interrompido. Mas corremos o risco de não mais passar o patrimônio de nossa fé e da vida eclesial para a próxima geração: quando os filhos não são mais batizados, não aprendem mais as primeiras orações e as noções mais elementares sobre Deus e a fé já nos lares; quando não são levados à igreja para a catequese de iniciação à vida cristã, nem introduzidos na vida da comunidade eclesial; quando não fazem mais a primeira comunhão, nem são crismados... Este risco é mais real do que imaginamos!E quando os jovens não casam mais na igreja, nem buscam a bênção e a assistência de Deus para formarem um novo lar cristão, completa-se o rompimento da corrente da transmissão da fé. Perde-se a referência a Deus, volta-se ao paganismo... Não queremos nós ser o elo da corrente, que se rompe! Podemos mudar isso, quando fazemos todos a nossa parte na evangelização, ou seja, na vivência pessoal da fé, no testemunho cristão no mundo e na transmissão da fé às novas gerações. Tenhamos a certeza de que isso é bom e faz bem à pessoa e à sociedade!A Campanha para a Evangelização ainda nos lembra que esta obra precisa do nosso apoio bem concreto; a evangelização é obra da fé e da esperança, mas tem custos econômicos para sustentar meios e pessoas, custear eventos, manter estruturas... Por isso, todos os batizados são convidados a dar sua contribuição regularmente para o sustento das comunidades locais da Igreja, às quais pertencem. E, na conclusão desta Campanha, no 3º Domingo do Advento (em 2011, dia 11 de dezembro), é feita a coleta especial para a evangelização em todas as igrejas; com o fruto da coleta, é apoiado o trabalho da Igreja em níveis mais amplos, como a diocese e o Brasil inteiro. A generosa oferta, que brota da fé e do amor a Deus, torna possível a obra evangelizadora da Igreja.Publicado em O SÃO PAULO, de 22.11.2011Card. Odilo P. SchererArcebispo de São Paulo - SP