No próximo domingo, dia 14 de setembro, nós católicos vamos celebrar a festa da Exaltação da Santa Cruz. Esta festa começou a ser celebrada em 335, século IV, portanto, quando foi inaugurada a Basílica que o Imperador Constantino mandara construir no alto do monte Golgota, local onde Jesus tinha sido crucificado.O símbolo da cruz sempre ocupou um lugar central na fé dos cristãos. Por isso, conforme nos informa o Apóstolo Paulo, para os judeus os cristãos eram motivo de escândalo e para os pagãos, ocasião de chacota e zombaria (cf. 1Co 1,23). Afinal de contas, segundo as escrituras judaicas, era maldito todo aquele que fosse suspenso num madeiro (Dt 21,23). Os pagãos, por sua vez, consideravam a cruz, além de antiestética, indecente e perversa. Cícero, uma das inteligências mais brilhantes do Senado Romano, declarou que “a cruz devia ficar longe dos corpos dos cidadãos romanos, e também dos seus pensamentos, dos seus olhos e dos seus ouvidos”.Para os cristãos, no entanto, a cruz é salvação e força de Deus (cf. 1Co 1,18). Através de sua morte na cruz, Jesus se identificou com todos os crucificados da terra, tomando sobre si o sofrimento deles. Se estava com eles no sofrimento, não os deixaria na sua ressurreição. Está aqui o sentido e o fundamento da esperança de todos que com fé assumem e carregam a cruz de seus sofrimentos.Porém, é preciso estar atento. Sempre existe o risco de idolatrar a cruz. Através da história, em muitas oportunidades, ela foi usada para justificar os abusos e os interesses daqueles para quem o estômago era deus e o vergonhoso era glória (Fl 3,19).Para ser seguidor e discípulo de Cristo, a condição é assumir a cruz. “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, cada dia, e siga-me”, disse Jesus (Lc 9,23). A proposta é a mesma para todos - pobres e ricos, servos e senhores, homens e mulheres - mas se dirige de forma diferenciada para uns e outros.Os cristãos ao acolherem a cruz de Jesus o fazem como protesto contra a miséria e como compromisso com a luta por mais dignidade e mais “humanização”. Ao acolherem a proposta da cruz os cristãos se deixam conduzir para dentro do sofrimento de Cristo e com ele assumem toda a dor do mundo para libertá-lo desta mesma dor. Como São Paulo, os cristãos trazem em seus corpos a agonia de Jesus na cruz a fim de que a vida de Jesus se manifeste, não apenas em suas vidas, mas também na vida dos irmãos e de toda a criação (cf. 2Co 4,10-12). Dom Manoel João Francisco Bispo Diocesano