A Palavra do Pastor - A Alegoria da Vinha
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A Palavra do Pastor - A Alegoria da Vinha

“Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor”( Jo.15, 1).
Os Israelitas tinham em todo o seu território um grande cultivo de vinhas. A bíblia está cheia de passagens referentes a importância da vinha para os judeus. De Noé a Cristo é mencionado sobre o cultivo de vinhas. “Noé começou a praticar a agricultura e plantou uma vinha”( Gn 9, 20). O profeta Jeremias nos fala do cultivo das vinhas na recostrução do país:“De novo plantarás vinhedos nos morros da Samaria e delas colherão os frutos”(Jr. 31, 5). E o profeta Isaias salienta a importância desse cultivo para a vida do povo: “Por que os gritos de alegria sumiram da tua vindima, da tua safra. A alegria e a animação sumiram dos pomares. Nos vinhedos ninguém mais alegre cantando, ninguém mais pisando as uvas no lagar; acabou aquela algazarra!(Is. 16, 9b-11).
Os textos mencionados mostram que a vinicultura era muito difundida entre o povo de Israel e seus paises vizinhos. Por isso a vinha é tomada sempre como símbolo e figura da relação de Deus com o seu povo escolhido e amado. Tudo de bom que o povo tinha, ele recebeu de Javé, o seu Deus. Daí a necessidade do povo corresponder sempre ao amor de Deus. A aliança exigia do povo uma fidelidade absoluta. Mais tarde os profetas mostraram o lado positivo e o significado figurado da vinha. Não se limitaram a descrever a vinha, mas vão mais longe ao representar a concepção espiritual da vinha. Assim eles colocam os fundamentos seguros dos quais no Novo Testamento Jesus iria basear a sua doutrina, reino dos céus, ao falar da vinha, como sendo o símbolo da relação dos homens com a Igreja ou melhor a relação dos cristãos com Jesus Cristo (Jo.15, 1 8).
A importância exegética da vinicultura entre os Judeus e o seu relato frequente na bíblia está na linguagem figurada. O povo de Israel é apresentado como sendo a vinha plantada por Javé. “Tiraste uma videira doEgito, para transplantá-la expulsaste os povos”(Sl. 80,9). Deus planta e cuida dela sempre, mostrando assim os cuidados incontáveis dispensados por Ele ao seu povo. Assim como o lavrador dedica com desvelos especiais à sua vinha que lhe custou tantos e pesados trabalhos e não menos suores, assim também Deus tem cuidado e amor todo singular para com o seu povo. Temos vários símbolos para representar, para personificar a vinha. No Eclesiástico a vinha é a figura ou símbolo da mulher do justo.”Tua mulher será em teu lar como uma vinha fecunda” Elco. 24, 13).
O reino de Deus que Jesus veio estabelecer é comparado como um pai de família, patrão que contrata operários para sua vinha. O reino dos céus, é como a vinha que Deus plantou neste mundo. Cada um é chamado a pertencer a esta vinha, a Igreja de Cristo. Fazer parte desta Igreja é um dom ortogado pela benevolência de Deus. Contudo não pode faltar o esforço pessoal de cada um para pertencer e desenvolver diante deste reino. Para compreender este reino é preciso olhá-lo com olhos espirituais, com os olhos da fé.
A alegoria da videira (Jo.15,1-11), é o reino de Deus, o mundo das realidades sobrenaturais. Jesus usa a alegoria da videira para nos ensinar a relação profunda e vital que existe entre Ele e os cristãos, nos é apresentado a união vital entre os ramos e a videira. Pela união com Cristo pelo batismo a pessoa humana fica divinizada. É uma realidade misteriosa, mas verdadeira. Esta doutrina é a base da doutrina do Corpo Místico de Cristo.
Dom Getúlio Teixeira Guimarães, SVD

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